Dados do governo federal revelam que, das 20,6 milhões de famílias inscritas no Bolsa Família, 7 milhões recebem o benefício há pelo menos dez anos, cobrindo todos os 5.570 municípios brasileiros. Em fevereiro, Roraima registrou o maior valor médio pago por beneficiário, com R$ 737,15, enquanto o Nordeste concentra o maior número de contemplados: 9,4 milhões de famílias, a um custo de R$ 6,29 bilhões.
Apagão de mão de obra
Empresários, especialmente dos setores de varejo e construção civil, têm apontado o Bolsa Família como um dos responsáveis pela escassez de mão de obra qualificada no país. Segundo eles, o receio de perder o benefício estaria desestimulando trabalhadores a aceitarem vagas formais.
No entanto, a realidade é mais complexa. O principal critério para elegibilidade ao Bolsa Família é a renda familiar per capita, que considera o total dos ganhos de todos que vivem na mesma residência. Isso significa que, mesmo com um emprego formal, muitas famílias podem continuar recebendo o benefício, desde que a renda por pessoa não ultrapasse o limite de R$ 218, definido como a linha da pobreza.
Além disso, desde 2023, a regra de proteção permite que famílias com renda per capita de até meio salário mínimo (R$ 759) mantenham metade do benefício por até dois anos, incentivando a inserção no mercado de trabalho.
Para João Silva, dono de uma rede de lojas em São Paulo, o desafio vai além do programa social. “Não é só o Bolsa Família. Muitos trabalhadores buscam melhores salários e condições dignas. A concorrência por mão de obra está alta, e o varejo sofre para atrair talentos”, afirma.
“O Bolsa Família é um suporte, não um entrave. A falta de trabalhadores qualificados reflete mais a ausência de investimentos em formação profissional”, avalia.
Esta notícia foi publicada em 15 de abril de 2025