Dólar passa a ter leve queda contra real após dados de inflação dos EUA

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar passava a cair ligeiramente contra o real nesta quarta-feira, na esteira de dados de inflação norte-americanos amplamente dentro das expectativas dos mercados, que acalmaram alguns temores sobre superaquecimento na maior economia do mundo.

Às 10:22, o dólar recuava 0,13%, a 5,1887 reais na venda, depois de ter apresentado leve alta nos primeiros minutos de pregão. O principal contrato de dólar futuro perdia 0,08%, a 5,201 reais.

Segundo Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos, o movimento de desvalorização do dólar foi desencadeado pela notícia de que o aumento dos preços ao consumidor nos Estados Unidos desacelerou em julho.

O Departamento do Trabalho dos EUA informou nesta quarta-feira que o índice de preços ao consumidor subiu 0,5% no mês passado, após alta de 0,9% em junho, atendendo às expectativas de economistas em pesquisa da Reuters.

“O número não surtiu efeito negativo (sobre o mercado de câmbio), o que teria acontecido caso viesse acima do esperado”, disse Carvalho, ressaltando que uma inflação mais intensa do que as projeções aprofundaria receios sobre redução de estímulos nos Estados Unidos.

Recentemente, dados de emprego mais fortes do que o esperado sinalizaram que o mercado de trabalho pode estar perto de atender às condições que o Federal Reserve estabeleceu para cortar suas compras de títulos. Isso não significaria, necessariamente, alta de juros, explicou Carlos Duarte, da Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros, mas a redução da oferta de liquidez tenderia a prejudicar moedas mais arriscadas, como o real.

Por outro lado, disse ele, o ciclo mais agressivo de aperto de juros pelo Banco Central doméstico tende a oferecer apoio à divisa brasileira.

A grande preocupação no ambiente local, afirmou Duarte, é com a política fiscal. Sob os holofotes está o esforço recente do governo para alterar a dinâmica do pagamento de precatórios diante das limitações do teto de gastos, que “cheira como pedalada fiscal” para os investidores estrangeiros, explicou.

Apesar da incerteza, caso o governo consiga utilizar os instrumentos para parcelar o pagamento dos precatórios sem furar o teto, pode haver um alívio da pressão do cenário fiscal sobre o mercado de câmbio, disse Duarte, que projeta o dólar entre 5,10 e 5,15 reais ao fim deste ano.

Na véspera, a moeda norte-americana spot caiu 0,96%, a 5,1957 reais na venda, desvalorização mais intensa desde 28 de julho (-1,26%).

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Esta notícia foi publicada em 11 de agosto de 2021

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